domingo, 24 de setembro de 2023

Lendo antes que acabe...

Nestes dias estou lendo (ou tentando ler) mais de um livro ao mesmo tempo: "Encaixotando minha biblioteca",do Alberto Manguel, "Avenida Paulista", do João Pereira Coutinho, e "Os Anéis de Saturno" de W.G. Sebald.

O primeiro é uma declaração de amor às biblioteca públicas e ao livros, com frases lapidares como "Minha memória está menos interessada em mim do que nos meus livros: é mais fácil recordar-me de uma história lida uma só vez, há muito tempo, do que daquele jovem que a lia". Este livro merece 'in totum' a frase atribuída a Faulkner: "O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor".

O segundo traz crônicas deliciosas escritas em 2006/2007, que ainda soam atuais hoje, sobre Woody Allen, sobre o Onze de Setembro e sobre a fama 'automática' e vazia dos nossos tempos. Já escrevia ele, em 2006, que "a cultura do ruído surgiu e instalou-se, precisamente, para esconder a vacuidade das pessoas. Para esconder, no fundo, como os seres humanos se tornaram desinteressantes. Nada para dizer. Nada para escutar".

O terceiro traz reminiscências do autor.sobre a Inglaterra que já foi uma potência e sobre a passagem do tempo que destrói irremediavelmente o mundo como o conhecemos, e deixa um prêmio de consolação que é a memória, pra derrotar a realidade.

Coutinho é um observador feroz do nosso Brasil, e Manguel passa da raiva pela perda à aceitação, nos ensinando, como Chesterton, que se vale a pena fazer alguma coisa, então vale a pena fazê-la mal. Sebald ensina: a futilidade da existência é parcialmente apagada pela grandeza e pela a habilidade de nossa imaginação.

 

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